Saúde e serenidade a partir da história

POSTADO EM
11
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02
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2020
|
Geral

O passado e o futuro

No passado, já se vislumbraram pânico, histeria, misticismo e desespero em tempos de saúde precária. Sobretudo quando as doenças transmissíveis assolavam regiões inteiras e o mais renomado sábio não tinha explicação científica para suas causas e enfrentamento. Hoje, isso ainda acontece, com um ponto central: temos a ciência a serviço da humanidade. Mas mesmo assim, informações são renegadas, tecnologia atinge poucos e o alarmismo se sobrepõe. Resultado: altas taxas de incidência, mortalidade e até letalidade em surtos modernos.

Para melhor situar temporalmente tais eventos, citemos algumas epidemias (número de casos de doença acima do esperado) e pandemias (quando esses casos atingem 2 ou mais países e continentes) históricas.

Com contornos bíblicos, a PESTE DO EGITO, matou um quarto das tropas atenienses durante a guerra do Peloponeso Em 430a.C. A causa exata, só foi descoberta em 2006 por pesquisadores, que atribuíram à FEBRE TIFÓIDE, a razão da peste.
A PESTE ANTONINA, matou em torno de 5 milhões, já em 165-180a.C. Provocada pela VARÍOLA, a mortalidade atingiu um quarto da população infectada. Importante salientar a varíola, pois esse agravo hoje é considerado erradicado, um exemplo extraordinário a destacar. Na década de 1960, uma ação global, coordenada pela OMS – Organização Mundial da Saúde, consolidou campanhas de vacinação no mundo, além de viabilizar a estruturação das respectivas vigilâncias epidemiológicas dos países. Um projeto exitoso, que extinguiu uma pandemia já no século XX. O último caso de varíola foi detectado no final dos anos 1970.
A PESTE DE JUSTINIANO (541 a.C.) e PESTE NEGRA (~1300) são simbólicas. A primeira começou no Egito e expandiu-se. A última, começou na Ásia, e dizimou 20 milhões de europeus em 6 anos. Em comum, ambas referem-se a peste bubônica, hoje controlada.
No século XX, os outbreak (surtos) floresceram. Gripes suína e aviária, AIDS, SARS, Ebola, dengue, cólera dentre outros, expuseram um mundo já interconectado e mostraram uma grande velocidade de expansão e caracterizaram-se como pandemias. Com enfrentamentos distintos, muitas vezes tiveram conotação oportunista e até política, sobretudo se associadas às guerras biológicas.
É premente ressaltar que nem só as doenças transmissíveis são consideradas passíveis de epidemias ou pandemias. Fala-se muito em depressão, obesidade, tabagismo, sem evidenciar os vícios eletrônicos como a nomofobia (no mobile – sem celular).

Por fim, século XXI. O novo corona vírus aparece para nos lembrar que o passado pode estar presente e afetar nosso futuro. A não ser que tenhamos a sapiência de enfrentar com serenidade, informação, método e tecnologia.

Alguns exemplos na história nos ensinaram a entender cenários semelhantes e enfrentá-los com placidez e inteligência.

Pesquisas

Foto de uma estátua representando um médica da peste.

Fonte: As 15 Epidemias e Pandemias mais Mortais da Humanidade
https://www.youtube.com/watch?v=kpXm4viBONM

Livros

Epidemias no Brasil. Uma Abordagem Biológica e Social. Rodolpho Telarolli Junior. Ed. Moderna. 2013

Autor de referência: Stefan Cunha Ujvari. Ed. CONTEXTO
A história da humanidade contada pelos vírus. 2009
A história do século XX pelas descobertas da medicina. 2014
Pandemias - a humanidade em risco. 2011

Foto da capa do livro pidemias no Brasil. Uma Abordagem Biológica e Social
Foto da capa do livro A história da humanidade contada pelo vírus.
Foto da capa do livro Pandemias - a humanidade em risco.

Outras consultas

MACHADO, P.H.B, LEANDRO, J.A, MICHALISEN, M.S (orgs.)  - 2006. Saúde Coletiva: um campo em construção. Editora Ibpex. Curitiba, 

GUIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Tiragem: 3ª edição – 2019 – versão eletrônica Elaboração, distribuição e informações MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços SRTV 702, Via W 5 Norte, Edifício PO 700, 7º andar CEP: 70723-040 - Brasília/DF Site: www.saude.gov.br/svs E-mail: svs@saude.gov.br

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da EID.
Foto do autor.
Paulo Battaglin

Epidemiologista pela LSHTM, London School of Hygiene and Tropical Medicine | Universidade de Londres

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